Entrevista sobre a Cracolândia


Ei pessoas! Bem, o texto de hoje será um pouquinho diferente. Há algum tempo atrás eu fui entrevistada sobre “missões”. Foi bem legal, pude discutir minha opinião com outros entrevistados e eu aprendi bastante. Gostaria de compartilhar com vocês!
Sintam-se livres para responder também!
Um abraço a todos!
#comJESUSsempre!
@Brunavichi

1) Bruna, nós sabemos que você trabalha com missões há bastante tempo. Gostaríamos que falasse como surgiu esse convite e também como aconteceu de você ir para a Base Mundial de Missões em SP.
Há alguns anos atrás, recebi o convite da então presidente de missões da Quadrangular que freqüento, Zilda Goetze, para compor sua equipe desempenhando o papel de secretária. E então, certa vez, após ir conhecer o trabalho desenvolvido pela Base Mundial de Missões de São Paulo através de um amigo, nos convidou de forma emocionada. Prontamente aceitei. Tinha certeza da experiência envolvida.

Confesso que fiquei profundamente assustada. Dois paradigmas foram completamente quebrados em mim: os preconceitos que eu tinha em relação aos marginalizados pela sociedade e igreja e os pré-conceitos que eu tinha sobre os cristãos. Até então, nunca tinha visto tanto morador de rua junto, nem tantos cristãos alternativos (tatuados, com piercings, cabelos diferentes, totalmente fora do convencional). Foi um choque.

2) Como foi o primeiro contato com a Cracolândia?
Na primeira noite do treinamento, quase não dormi. Da janela do quarto, eu via logo ali do outro lado da rua, crianças usando drogas deitadas sob o papelão. E na esquina, as prostitutas que aguardavam seus “clientes” em frente ao prostíbulo. Era tão perto, que podíamos vê-las dentro de seus quartos. Acho que a primeira noite na Cracolândia para todas as pessoas é igual; lágrimas por sentir-se tão incapaz diante de situações iguais ou piores como essas.

3) Você já participou de outros treinamentos realizados na Base?
Depois desse primeiro treinamento, participei de vários outros e a certeza de que eu não fazia nada permaneceu. Chorei em muitos, mas então percebi que só chorar não aliviaria a dor de ninguém, a não ser a minha. Quanto individualismo! Na base a gente faz o possível para ajudar os marginalizados. A gente dá alimentação, banho, passa horas ouvindo suas histórias, ensina uma profissão e de uma forma diferente, prega o evangelho. E diante de todas essas situações, ainda fazemos pouco. Não há amor maior que o de Jesus. Foi ele quem morreu e na sua morte temos vida.

4) Conte-nos alguma experiência interessante.
Na Cracolândia, você é sempre convidado a amar. Lembro-me de duas situações marcantes em mim: a primeira foi em uma vez que conversei e abracei por horas uma senhora agradabilíssima para então perceber que ela tinha lepra. O pastor Jair, responsável pela base, convenceu-me do óbvio que eu queria esconder; se soubesse que ela tinha essa doença, não teria a abraçado. E em outra vez, ganhamos um prato de Yakissoba feito no meio da rua para comermos com os moradores, em pleno Largo do Arouche. Foi difícil comer aquilo. Difícil porque nos achamos tão melhores e até mais limpos que eles. Mas nessas situações aprendemos tanto sobre o amor de Jesus, que embora santo, deu-nos seu sangue para nos limparmos de todas as cascas de sujeira pecaminosa que se impregna em nós, todos os dias.

5) Como você acha que a Igreja tem se comportado, no que diz respeito a missões?
A estagnação conquistou o corpo de Cristo de forma que não fazemos nada pelos pequeninos, desobedecendo completamente sua ordem. E é engraçado porque, transformamos as palavras de Jesus tão vivas e cheias de ações em dogmas religiosos que só impõem regras e excluem os que não se adéquam a eles. E quando alguém decide abrir mão do seu conforto e prazer para obedecer e pregar o evangelho de Cristo, aceitando punição e até morte por esse ideal, não é amparado pela igreja.

Logo após constituir igreja, nos livros seguidos ao de Atos, vemos igrejas que apresentam problemas equivalentes aos que exprimimos hoje. As repreensões do apóstolo Paulo foram convenientes na época e ainda são em nossa. Mas, mesmo depois de séculos, de guerras “em nome de Deus”, de Lutero, Calvino, Ashbel Green, Wesley, Agostinho, Madre Tereza e tantos outros que tentaram pregar um evangelho com menos religião (sem aceitar a visão ecumênica, apenas contemplando homens que por vezes não professavam o protestantismo, mas sem dúvidas tinham Jesus em suas ações) admiro-me muito por ver uma igreja tão cheia de si.

Enquanto ainda existem bilhões de pessoas que NUNCA ouviram falar absolutamente nada sobre Jesus, existem igrejas que clamam pela teoria da prosperidade, unções e “atos proféticos” que não tem nenhum embasamento bíblico. É como diz Ricardo Robortella em uma canção: “o mundo dorme nas trevas, a igreja não luta, pois dorme na luz…” ou então como dizia Keith Green “não adianta você assinar um cheque. Deus não pode sacar cheques no céu. Ele precisa de você”.

Definitivamente precisamos parar de pregar um evangelho cujo personagem principal é o nosso eu. Isso é errado e precisa parar urgentemente. Enquanto estivermos preocupados em pregar para uma platéia, ser reconhecido e aplaudido, ter o conforto ao invés do confronto, não faremos de forma alguma o papel que Cristo nos confiou, como sua igreja.

Comentários

  1. So tenho mais é que elogiar. Entrei nesse blog e gostei e vou continuar visitando. Gostaria que você entrasse também no meu blog: missionariovicente.blogspot.com
    Vote, dê sua opinião, pois ela é muito importante para nós, nos faça uma visita, estou te esperando. Missionário Vicente.

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    1. Obrigado... Continue comentando e compartilhando...

      Quanto mais blogs melhor, vamos expandir o reino dos Céus aqui na terra.

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